O movimento moderno dos cuidados paliativos, iniciou-se em Inglaterra na década de 60, do século XX, com a fundação do Hospício de S. Cristóvão, em Londres, por Dame Cicely Saunders.
“… quem criou os cuidados paliativos foi Cicely Saunders, agora Dame (…) Era ela uma simples trabalhadora social numa enfermaria e coube-lhe visitar, num hospital de Londres, repetidas vezes, um judeu polaco. David Tasma, que, aos 40 anos de idade estava a morrer após cirurgia não curativa a um cancro do recto. Estamos em 1948. Muitas vezes falaram da necessidade de encontrar um outro local, que não uma enfermaria de cirurgia em permanente actividade, para que as dores e os sofrimentos que ele sentia pudessem ser devidamente tratados. O judeu que era, segundo Cicely, uma pessoa de grande sensibilidade e inteligência, deixou-lhe ao morrer, em testamento, 500 libras com esta frase: “Quero ser uma janela da Casa que vai criar porque eu conheço o que vai no seu pensamento e no seu coração.” Para a jovem … então com 17 anos, este episódio foi definitivo. Dedicou-se, totalmente, a este tema, licenciou-se em Medicina e dezanove anos depois inaugurou o primeiro Centro de Acolhimento para doentes terminais, o hoje famoso St Christopher’s Hospice…” (Daniel Serrão, 1as Jornadas de Bioética do Funchal, 2005)
O movimento foi posteriormente alargado ao Canadá, Estados Unidos e no último quarteirão do século XX à restante Europa, tendo o mérito de chamar a atenção para o sofrimento dos doentes incuráveis, para a falta de respostas por parte dos serviços de saúde e para a especificidade dos cuidados que teriam que ser dispensados a esta população.
Em Portugal, a introdução dos cuidados paliativos é bastante mais tardia, com as primeiras iniciativas a surgirem durante a década de noventa, do século XX. Em 2004, surge a Circular Normativa nº14 da Direcção Geral da Saúde, 13 de Julho de 2004 – “Programa Nacional de Cuidados Paliativos”, integrado no Plano Nacional de Saúde 2004-2010. A Rede Nacional de Cuidados Paliativos é criada pelo Decreto-Lei n.º 101/2006 de 6 de Junho.
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