A Amadora que é sem dúvida uma das localidades que mais se tem desenvolvido nos arredores de Lisboa, merece que lhe seja feita a sua história, não só por haver nela alguns factos dignos de menção, como também para esclarecer pontos que o indiferentismo do vulgo deturpa e não faz a justiça imparcial que se impõe a uma verdadeira história, seja qual for o assunto que se queira perpetuar.
Poucos elementos há que façam luz sobre o que foi a Porcalhota, ou poucos há, talvez, que mereçam historiar, ficando apenas um passado limitado ao que devia ser um pequeno lugarejo dos arredores de Lisboa, ponto geralmente escolhido para descanso do gado, que conduzia não só mercadorias, como passageiros.
E ainda hoje existe a casa do China que bem justifica esta afirmação e um velho Palácio, agora restaurado, que pela sua arquitectura parece ter servido de ponto de repouso para as pessoas reais que vinham ou iam de Sintra ou Queluz.
Já nos tempos que não vão longe, ou seja, no tempo das tipóias, criou fama uma casa de pasto, muito conhecida pelo Pedro dos Coelhos, que se tornou parte obrigatória para as grandes pândegas desse tempo. Uma passeata de tipóia, ao coelho da Porcalhota, eram um luxo, e o amigo Pedro não se livrava da fama de muitas vezes fornecer gato em vez de coelho, tudo tendo concorrido para que deixasse alguns meios de fortuna, que os seus herdeiros empregaram em parte, na transformação da antiga casa num prédio moderno, de loja e primeiro andar, forrado de azulejos que ainda hoje existe com alguns coelhos pintados. Mas, a respeito do negócio, há muito que só existe a fama do passado e é muito curioso avivar neste ponto como se faz a história.
Construída a Linha Férrea, começou a iniciar-se a tendência para, na parte poente da passagem de nível, se ir estendendo a antiga Porcalhota e na altura de 1906 já havia vários prédios duma certa importância, nesta zona entre a estação e a passagem de nível da Porcalhota, não esquecendo a velha Rua de Gonçalves Ramos.
Havia também um grupo de habitantes que constituíam uma verdadeira família, cheios de excentricidades, ao ponto de terem um clube a que deram o nome de "Choça dos Macambúzios (ou Macavencos)".
Havia na verdade algum bairrismo e a população ia crescendo, com uma certa rapidez, devido à propaganda que alguns "Carolas" iam fazendo à localidade. Um porém, se salientou, porque prevendo um bom futuro ao sítio aproveitou as boas relações que tinha com um capitalista, António Amaral, que já aqui tinha a Quinta de Santo António da Amadora, para fazerem qualquer sociedade e comprarem, em nome do Amaral, todos os terrenos que podessem, entre a Rua Gonçalves Ramos e a estação. É justo salientar o nome deste empreendedor, Manuel Emígdio que era apenas um simples empregado de escritório, residente há muito na localidade. Este grande projecto foi-se pondo em prática e, passado pouco tempo, poucos terrenos havia na parte baixa da terra que não fossem do Amaral, os quais caíram em boas mãos porque em pouco tempo havia já ruas feitas nalguns pontos, que bem marcaram o início do que é hoje a Amadora e parece que Amaral estava satisfeito com o negócio, porque não havendo mais terrenos aproveitáveis na parte sul, passou a adquirir vastas terras de semeadura ao norte da estação (decerto que não eram para a lavoura). Mas uma fatal catástrofe veio pôr cobro aos arrojados projectos de Manuel Emígdio, porque o capitalista morreu.
Por fim, talvez por onde eu devesse ter começado, a Amadora de hoje em dia trata-se de um município português, pertencente ao distrito de Lisboa, composto por oito freguesias (Alfragide, Brandoa, Buraca, Damaia, Falagueira-Venda Nova, Mina, Reboleira e Venteira). Em termos demográficos, a população, em 1991, era de 177 200 habitantes, para uma área bruta de 23 km2 e a variação da população residente entre 1981 e 1991 foi de 8%.
O município integra a Área Metropolitana de Lisboa e a sua economia assenta na prestação de serviços, comércio grossista, comércio retalhista, indústrias de metalomecânica, têxteis e gráficas. O hospital da Amadora constitui o elemento mais significativo ao nível do equipamento social.
A Amadora é a terceira maior cidade de Portugal, localizando-se a cerca de 12 km a noroeste de Lisboa. Localiza-se na Área de Influência de Lisboa, e os seus residentes trabalham maioritariamente na cidade de Lisboa, o que confere à Amadora uma tipologia urbana do tipo dormitório. A cidade é sede de município e registava uma população, em 1991, de cerca de 122 000 residentes.
O património edificado mais relevante inclui parte do aqueduto das Águas Livres de Lisboa e a capela de Nossa Senhora da Lapa.